Amplificador Musical Fidelity A1: Transístores que soam a válvulas

Fernando Marques
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Musical Fidelity A1
Musical Fidelity A1


O novo amplificador Musical Fidelity A1 recria uma peça clássica de equipamento de alta fidelidade. Originalmente lançado nos anos 80, o A1 era conhecido pela sua amplificação pura em Classe A e pela sua capacidade de proporcionar um som rico e quente com níveis de potência modestos. A versão atualizada mantém o som caraterístico e o design minimalista que tornaram o original icónico, mas incorpora caraterísticas modernas e melhorias tecnológicas que elevam o seu desempenho para satisfazer os padrões actuais.


Antony Michaelson, o fundador da Musical Fidelity, relembra como surgiu o A1 original: “Um dia estava em casa de Tim de Paravicini e começámos inevitavelmente a falar de circuitos. Ele começou a ficar muito entusiasmado, e levou-me para a sua oficina onde estavam pilhas de peças de automóveis, circuitos de placas de teste por acabar, montes de fios e componentes, cinzeiros vazios... O génio a trabalhar! E mostrou-me uma pequena placa de circuito com um par de transístores de saída. Não parecia estar ali alguma coisa de relevo. Mas depois, começou a falar a sério: “Classe A, baixo custo, som fantástico”, e os seus olhos a brilhar. A sua paixão convenceu-me e o resultado foi o A1, o produto Musical Fidelity mais vendido de todos os tempos. Obrigado, Tim!


Tudo o que foi dito acima aconteceu na base da confiança, sem qualquer menção a dinheiro. Tipicamente Tim. Passaram alguns meses (o nascimento do A1 foi muito difícil e quase levou a MF à falência), perguntei-lhe quanto queria pelo projeto do circuito. Ele respondeu “Oh, não sei, dá-me 500 libras” Não acreditei no que estava a ouvir, um design brilhante por quase nada? Pensei eu. Respondi-lhe: está a falar a sério? O Tim, sendo o Tim, disse: “Bem, dá-me um cabaz de compras”. Mais tarde, disse-lhe o que pensava e ofereci-lhe um salário mensal. Eu não sou um predador e o Tim foi uma dádiva não mundana para o mundo do áudio.”


Heinz Lichtenegger, dono da Pro-Ject e da Musical Fidelity sempre teve o sonho de trazer de volta o A1


Musical Fidelity A1
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Quando Anthony Michaelson, se reformou em 2018, vendeu a marca e a sua propriedade intelectual à empresa austríaca Audio Tuning de Heinz Lichtenegger, também dono da Pro-Ject que sempre teve o sonho de trazer de volta o A1. Com a ajuda do engenheiro e designer Simon Quarry, foi possível assistir ao renascimento do A1. Quarry, que está na Musical Fidelity há quase três décadas, deixou o circuito original absolutamente intacto e, por isso, também utiliza os lendários transístores TL071 JFET da Texas Instruments no novo A1. Apenas alguns componentes tiveram de ser substituídos por versões mais recentes devido à disponibilidade atual.


Prestou muita atenção aos componentes que tiveram de suportar anos de calor intenso dentro do A1 clássico. Substituindo-os por versões de melhor qualidade e com encapsulamento térmico, nomeadamente o potenciómetro de volume da série RK da Alps e o interruptor de seleção de entrada. Dependendo da impedância nominal das colunas, o A1 pode produzir até 20 watts em pura Classe A. Ainda mais impressionante é a sua capacidade de fornecimento de energia de até 25 amperes. Um filtro DC na saída e um circuito de atraso de ligação controlado por relé protegem as colunas.


Musical Fidelity A1
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Entre as alterações visíveis, uma que chama imediatamente a atenção é a adição de um novo comutador “direto” na fase de pré-amplificação. Assim é possível ignorar totalmente o estágio de ganho antes do controlo de volume, resultando numa redução de cerca de 10dB. Esta caraterística revela-se particularmente vantajosa quando se utilizam fontes digitais modernas ou de alta saída, permitindo um ajuste fino da gama do potenciómetro de volume e acomodando altifalantes sensíveis.


O som do Musical Fidelity A1 pode ser descrito como quente e aveludado, tão característico dos amplificadores a válvulas


O A1 continua a aquecer muito por utilizar a topologia de Classe A, que “desliza” para Classe B e assegura que o amplificador funciona com a corrente máxima, mesmo a níveis de audição baixos. Isto proporciona uma clareza e suavidade muito apreciadas, especialmente quando emparelhado com colunas sensíveis como as Fyne Audio F500 SP com 90dB de sensibilidade. A tocarem em conjunto, produziram um som que pode ser descrito como quente e aveludado, tão característico dos amplificadores a válvulas. O A1 não é de todo um amplificador neutro e muito menos analítico. É capaz de perdoar aquelas gravações menos boas da música que tanto gostamos e colocar-nos num estado de volúpia. Perfeito para vinil, com a possibilidade de escolha entre células MM ou MC, como pudemos confirmar ao ouvir o LP “Black Acid Soul” de Lady Blackbird em que a voz poderosa e crua da cantora norte-americana Marley Munroe nos é apresentada como se estivéssemos num clube de jazz com pouca luz e cheio de fumo.


Musical Fidelity A1
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São 25 Watts por canal, mais 5 que o A1 original em 8 ohms., o novo amplificador A1 utiliza componentes modernos e de alta qualidade que melhoram a fiabilidade, a longevidade e a pureza do sinal. Os circuitos foram concebidos para garantir baixo ruído e elevado desempenho, proporcionando melhor dinâmica, resolução e controlo dos graves em comparação com o modelo antigo. Um dos problemas com o A1 original era a dissipação de calor, uma vez que os amplificadores de Classe A tendem a atingir temperaturas elevadas. A nova versão incorpora arrefecimento melhorado, assegurando que o amplificador permanece estável durante sessões de audição prolongadas, mantendo as caraterísticas sónicas que o tornaram famoso.


O amplificador de phono integrado faz do A1 uma combinação perfeita para os entusiastas do vinil. É utilizado um estágio de conversão de corrente para tensão de baixo ruído para amplificação adicional e equalização RIAA. A sua implementação suporta tanto células de ímanes móveis (MM) como de bobinas móveis (MC), oferecendo versatilidade para configurações de gira-discos. Design intemporal, embora modernizado internamente, o exterior do amplificador A1 mantém-se fiel às suas raízes, apresentando a mesma estética minimalista e qualidade de construção robusta. O painel frontal simples, com o seu botão de volume e seletor de entrada, reflecte o seu charme vintage.


Musical Fidelity A1
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A marca registada do som do A1 é a sua apresentação natural, detalhada e musical. O seu design de Classe A assegura um sinal limpo, com o objetivo de proporcionar um palco sonoro orgânico. Os médios são suaves, as vozes realistas e os graves profundos e controlados. O amplificador é excelente na reprodução de música acústica e vocais, proporcionando um desempenho íntimo e envolvente.


O novo amplificador Musical Fidelity A1 atinge um equilíbrio entre a nostalgia e a modernidade. Mantém-se fiel à filosofia do design original, proporcionando o som rico, quente e suave da amplificação pura em Classe A, ao mesmo tempo que incorpora engenharia moderna para um melhor desempenho e fiabilidade. Para quem procura um amplificador que ofereça um carácter sonoro clássico, o novo A1 com um prémio EISA em 2024/2025 na categoria “Amplificador para Entusiastas” é uma proposta a ter em conta. Disponível em Sarte Audio por 1 599 euros


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