No seu primeiro teste para a Música e Som, Nuno Santos, a.k.a. “Maverick”, para os que se recordam do seu “nick” no Forum HiFi, fala-nos do novo televisor Sony 55XR80 que, não sendo o topo da atual gama Bravia, é o melhor televisor OLED da marca japonesa.
Das coisas que sempre me
entusiasmaram quando chego à consciência inevitável e indiscutível de que
preciso de algo tecnológico sem o qual toda a vida deixa de fazer sentido, é o
processo de investigação forense em busca do cálice sagrado.
Antigamente (para
referência, faço isto há pouco mais de 25 anos) talvez fosse até mais
interessante. Hoje em dia, cada aparelho que sai é escrupulosamente dissecado
em vídeos e testes por owners, testers, Youtubers e outros “ers” que por aí
proliferam. É um excelente serviço público, confesso, mas alimenta a minha
preguiça (não tenho sequer que sair do sofá) e inviabilizam talvez o espicaçar
da curiosidade. E tenho saudades.
O meu primeiro televisor foi
um Sony e só não foi o primeiro equipamento sobre qual me dediquei a esse
processo investigacional porque cedi à tentação de comprar o primeiro leitor de
DVD lançado em Portugal (na altura também um Sony).
Mas recordo-me bem das
minhas idas ao showroom da Sony com DVDs de teste (filmes de referência, na
verdade) para avaliar, para além de todas as incertezas, que aquele era mesmo “the
one”. A eleita na altura foi um Sony 32FQ75 da qual nunca me arrependi e onde,
por exemplo, retenho a memória de estrear o Senhor dos Anéis – A Irmandade do
Anel.
O televisor Sony 32FQ75 no seu móvel dedicado |
O mercado dos televisores, na altura, era muito mais fácil. Por cá, era dominado por dois ou três fabricantes (Sony, Philips e, um pouco, a Panasonic) e, para os cinéfilos, a dúvida era entre um CRT de 28”, 32” ou um monstro de 36 gloriosas polegadas qua ocupava grande parte da sala. Sim, porque na altura estes televisores tinham quase tanto de largura como de profundidade!
Hoje em dia já não é bem
assim. Desde que a tecnologia evoluiu para o plasma e, sobretudo, o LCD, além
de proliferarem as marcas, as próprias gamas também se expandiram,
multiplicando as possibilidades em função de todas as funcionalidades que os
ecrãs planos trouxeram. Qualquer internauta que queira explorar as gamas de
alguns fabricantes como a Sony, Samsung, LG, Philips, etc., é brindado por uma
quase infindável miríade de opções.
Nem sempre é fácil a
escolha, é verdade, mas a boa noticia é que, hoje em dia, e por valores
acessíveis (arriscaria a dizer “por pouco”) se consegue ter um ecrã razoável,
com boa imagem. E é difícil fazer uma má escolha.
Este ano (2024) a Sony
lançou o modelo sobre o qual hoje escrevo e que digo desde já em género de
spoiler, o TL;DR, é um televisor excelente.
Tecnologia OLED
Inserido na gama Bravia 8,
o 55XR80 é um televisor com tecnologia OLED, sendo que o modelo que recebi para
testes é o mais pequeno, de 55”. É, para todos os efeitos, o topo de gama em
tecnologia OLED na linha Bravia dado que, por estranho que possa parecer, a
gama acima (Bravia 9), não é OLED mas sim Mini LED.
A Sony mantém para já as
linhas de topo A mas, na gama Bravia, o “topo” não é OLED.
Não tendo a capacidade de
um preto puro como a tecnologia OLED, onde cada pixel pode ser individualmente
desligado, as Mini LED conseguem à partida produzir maior luminosidade o que,
em determinadas circunstâncias, pode ser uma vantagem, quer na representação de
conteúdos HDR (High Dinamic Range) quer em ambientes com luz ambiente mais
elevada.
Veremos como se comportam
as Mini LED da Sony. Pessoalmente, sou fã de ecrãs ou sistemas de projeção que
consigam um fundo preto, sem blooming nas legendas e sem “fade to grey”
em vez de “fade to black”… Mas a verdade é que a tecnologia LCD tem evoluído
tanto que, de alguma formam, vem encurtando espaços para as OLED.
Esta televisão faz uso do
processamento de vídeo XR, da Sony, que sempre foi um dos pontos
fortes da marca, seja em televisores seja em projeção, e suporta os principais
formatos HDR.
Para fazer uso absoluto da espessura minimalista do painel (que é uma particularidade típica dos OLED), o painel de entradas encontra-se na traseira do lado esquerdo inserido na caixa que envolve o ecrã (cuja moldura, diga-se, também é minimalista), permitindo assim uma montagem mesmo junto à parede. Lá encontramos as 4 entradas HDMI, LAN, ótica (caso não tenha um receiver com entradas HDMI), RF e USB. Duas das portas HDMI suportam HDMI 2.1 com 4K a 120Hz, VRR e ALLM, essencial para gaming, e uma boa parelha para as consolas Sony Playstation.
O televisor vem com o sistema
operativo Google TV, que abre a porta a imensas possibilidades de integração,
desde serviços de streaming a outras aplicações compatíveis.
Imagem
Antes de começar a
avaliar e ver conteúdos na 55XR, passeei pelos diversos menus, fiz uma primeira
análise ao desempenho do ecrã, experimentei os vários modos e desliguei tudo o
que são processamentos de sinal, além dos sistemas de economia de energia que,
tipicamente, impactam negativamente a imagem. Se quiser ser ‘green’, é manter
estas opções ativas. Mas se pretender o caminho mais purista ou de alto
desempenho da imagem, então é melhor desligar.
Tal como referi acima,
este novo modelo faz uso do processamento de vídeo Sony XR, com uma
qualidade de imagem excecional. No meu caso, aliás, e como testei na minha sala
dedicada, onde tenho a possibilidade de criar um ambiente sem qualquer
vislumbre de luz ambiente, o único defeito que poderia apontar a este modelo
é.... o reduzido tamanho. A imagem é excecional. O contraste infinito e uma
luminosidade perfeitamente suficiente para o ambiente onde a TV se encontrava
resultou numa experiência cinematográfica fantástica. Simplesmente adoro o
impacto ou pop que esta tecnologia consegue dar à imagem, quer em fontes SDR
como HDR.
O Sony 55XR80 na sala de cinema-em-casa do Nuno Santos
Antes de me deliciar com alguns clips de referência, usei o meu colorímetro Calibrite ColorChecker Display Plus e software HCFR para medir os diversos modos e calibrar a imagem do ecrã. Não tendo a possibilidade de calibrar, recomendo começar no modo Profissional uma vez que é aquele que mais se aproxima dos standards com mais precisão.
Com mais alguns ajustes,
tanto as cores como o equilíbrio dos brancos, a imagem ficou excelente, sem
desvios percetíveis a olho nu, com cores bem saturadas e uma gama dinâmica bem
definida. Clips como a corrida inicial do Ready Player One são uma delícia de
se ver neste ecrã. Novamente, só senti falta do tamanho, mas, na verdade é
injusto porque atrás da televisão está uma tela de 138”. Not fair!
Som
Em termos de som, diria
que o desempenho do 55XR80 é bom, embora ache que um televisor com esta
qualidade merece ser acompanhado por um bom sistema de som, no mínimo 2.1. Se,
por alguma razão, ele não existir ou não houver aprovação para um pelo “Ministério
da Administração Interna” aí em casa, então pelo menos uma soundbar boazinha,
vá. Se a ideia é ver novelas e o telejornal, aceita-se o sistema da própria
televisão, já que dá muito boa conta de si. Mas, com todo este desempenho da
imagem, nada como um bom sistema de som para elevar a uma experiência bem mais
imersiva.
E por falar em soundbar,
uma das coisas que achei interessante neste modelo são as possibilidades de
montagem dos pés que a suportam. Pessoalmente nunca gostei de ver os pés dos televisores
muito afastados. Terá a sua lógica em termos de suporte e segurança, mas, para
o meu gosto, retira elegância ao conjunto. A 55HR80 permite colocar os seus pés
afastados ou mais juntos dado que tem dois conjuntos de locais onde os montar.
E em altura também, permitindo assim alojar a dita soundbar.
De qualquer forma, se nem
soundbar nem sistema forem possíveis, a performance de som da 55XR80 é sólida
uma vez que a Sony continua a usar a tecnologia Acoustic Surface Audio+, que
basicamente transforma o próprio painel numa coluna de som. Interessante!
Conclusão
Globalmente, o desempenho
do 55XR80 é excecional e em nenhum momento me desiludiu.
Um dos ossos do ofício de
quem tem o gosto ou vício de dissecar sistematicamente a performance de algo
que produz som ou imagem é por vezes ter dificuldade em desligar da função
analítica ao processo e mergulhar no conteúdo.
Há uma expressão neste
contexto que gosto muito: “Suspension of disbelief”. E esse é um dos elogios
que deixo a este televisor da Sony. É a capacidade que teve em adormecer o meu
lado analítico, deixar de ver a saturação das cores e a profundidade dos tons
escuros e simplesmente me colocar a disfrutar o filme ou a série.
O único conselho que
deixo é: compre a maior que puder!
Especificações e página do produto:
Sony 55XR80. PVP: 2.699€
Gama Bravia 8: https://www.sony.pt/bravia/products/bravia-8
Especificações técnicas: https://www.sony.pt/electronics/support/televisions-projectors-oled-tvs-android-/k-55xr80/specifications