Ludwig van Beethoven |
No final da década de 1970, os executivos da indústria fonográfica e os fabricantes de alta-fidelidade juntaram-se para desenvolver um produto inovador. Viria revolucionar a indústria musical e criar uma nova forma de ouvir música para os consumidores do mundo inteiro.
O recém-criado suporte digital de música recebeu o nome de “disco compacto”, também conhecido como CD. Era um produto moderno para uma era moderna. Mas, para conceberem o disco metálico prateado, foi preciso recuar mais de 150 anos na história em busca de inspiração, até ao grande compositor alemão e revolucionário do seu tempo, Ludwig van Beethoven.
Sony e Philips, as duas marcas de áudio dominantes na época, formaram uma equipa de trabalho para desenvolver o disco compacto. No entanto, havia um pequeno problema: quanto tempo de música deveria conter um CD?
Nessa altura, a Philips estava mais adiantada, e já tinha criado uma unidade de prensagem de CD para um disco de 11,5 cm de diâmetro, capaz de armazenar até uma hora de música. Mas a Sony, ainda não .
A Sony sabia que se concordasse com os 11,5 cm como tamanho padrão para um CD, daria à Philips uma enorme vantagem quando se tratasse de produzir e vender os discos, mas precisava de um motivo legítimo para se opôr.
É aqui que entra Beethoven. O famoso maestro austríaco, Herbert von Karajan, que já tinha concordado em ser embaixador do CD, deveria endossar a nova invenção numa conferência de imprensa. Quando lhe pediram sua opinião profissional em relação ao novo suporte, Karajan terá respondido: "Não importa realmente o tamanho de um CD, desde que seja possível ouvir a Sinfonia nº 9 de Beethoven na íntegra, sem interrupção".
Como era comum na altura, Karajan aparentemente estava cansado de ter de se levantar entre cada movimento para virar o LP no gira-discos.
A Sony procurou nos seus arquivos musicais uma gravação de Beethoven que correspondesse às necessidades e – bingo! Lá estava: a gravação glacial de Wilhelm Furtwängler, de 1951, com 74 minutos de duração.
Tudo isto é verdade? É uma bela história, mas em termos de evidências concretas, as opiniões são divergentes.
Várias fontes concordam que a Sinfonia “Coral” de Beethoven foi o factor decisivo, mas divergem sobre quem a sugeriu, desde Karajan ao presidente da Sony, Norio Ohga, ou talvez mesmo à sua mulher.
O engenheiro holandês Dr. Kees Immink, que trabalhava para a Philips na altura, contestou que a sinfonia de Beethoven tivesse algo a ver com a duração, e que foi na verdade a equipa da Philips quem tomou a decisão final, e não a Sony.
De qualquer forma, a invenção do CD tornou possível ouvir sinfonias inteiras – de Beethoven ou não – sem interrupção, e somos eternamente gratos por isso.